08 março, 2010

A Mulher na Sociedade

Neste dia dedicado às mulheres, uma reflexão do desenvolvimento e crescimento da mulher do ponto de vista sociológico.
Entrevista com João Batanolli, concedida ao Jornal da Manhã, 08 de março, caderno especial sobre o dia da mulher.

"Que papel assume a mulher na sociedade atual?
Ainda há muito por se lutar. A violência doméstica é algo ainda avassalador no universo feminino. Mas devagarzinho ela está rompendo o véu do silêncio e do medo e está denunciando e possibilitando a punição desses companheiros violentos e covardes.
Agora... Do ponto de vista histórico recente, há coisa de aproximadamente um século, a mulher vem progressivamente ocupando o lugar que lhe é devido: ao lado do homem, demonstrando sua competência em praticamente todas as áreas de atividades, muitas delas até há pouco consideradas exclusivas do sexo masculino. Nesse sentido, não obstante ainda todos os indicadores de preconceito e discriminação -salários menores por exemplo, violência e submissão a que muitas continuam expostas, é inegável que podemos presenciar um progresso significativo. Se pensarmos que há cerca de 80 anos no Brasil as mulheres nem votavam e que hoje temos juízas, delegadas, deputadas, senadoras, promotoras, grandes escritoras, formadoras de opinião, craques de futebol, candidatas à presidência da república, é claro que muita coisa mudou e vai continuar mudando.
Agora... do ponto de vista de uma perspectiva histórica mais ampla, do próprio processo de construção desta sociedade desde suas origens, o que vemos são os sinais de decadência do patriarcado. Vemos os indicadores de fragmentação e diluição dos valores sociais provenientes das concepções machistas: vivemos uma sociedade bélica, racionalista, materialista, competitiva, exploradora, pragmática e insensível quanto à desigualdade social e à destruição da natureza. À medida que a mulher ocupa mais espaço e, sem perder seus próprios valores, puder impregnar a sociedade com sensibilidade social, cooperação, intuição, criatividade, vamos inverter essa lógica machista e progressivamente encontrar um equilíbrio entre esses dois pólos. Pois são opostos complementares e não antagônicos. A mulher por natureza acolhe e nutre, assim como a Natureza; mais do que nunca precisamos todos mais das duas.

Que conquistas podem ser comemoradas por elas atualmente?
Muita coisa, mas principalmente o reconhecimento dos homens. No sentido de que cada vez mais e mais indivíduos do sexo masculino reconhecem o valor e a importância da mulher e de todos os valores que ela representa. Parece que o homem intui ou pressente que esse modelo de sociedade baseada na força, na violência, na exploração e destruição, está com os dias contados. Há pesquisas que apontam um certo temor dos homens frente à progressiva emancipação feminina. Mas precisamos dar ouvidos a elas e também ao nosso lado mais sensível e sensato. Há cada vez mais homens auxiliando nas tarefas domésticas, participando da educação dos filhos. Isso está se dando pela maior inserção da mulher no mercado de trabalho e sua participação significativa no orçamento familiar e está possibilitando um diálogo mais sensível, mais horizontal entre os dois.

As mulheres estão perdendo seus valores ao se igualarem aos homens em alguns aspectos, tais como liberdade sexual e mercado de trabalho?
Há esse risco quando, para se sentirem aceitas no mundo masculino do trabalho e da competição, algumas mulheres se sujeitam aos valores próprios desse modelo psicológico. Mas a Natureza é mais forte e acaba falando mais alto. Pela própria necessidade da sociedade que precisa se transformar sob risco de entrar em colapso, o que acaba ocorrendo é a progressiva infiltração dos valores femininos na sociedade. Por outro lado, quanto à sexualidade, a liberdade é uma conquista e a mulher tem todo o direito de sair de sua antiga posição de passividade, inércia e expectativa e partir para o ataque.. Não há como negar: a força da mulher está na suavidade e no carinho. Não é próprio da mulher a força bruta. Mas tem coisas que é da Natureza e acabam prevalecendo.

Há ainda preconceito contra o "sexo frágil" ?
Não!... (risos). No atual contexto quem está ficando “sexo frágil” é o homem..., mas ele vai encontrar seu lugar nessa profunda mudança de paradigmas sociais e culturais que vivemos nessa grande transição. Ou mudamos ou a Natureza nos muda..."

João Batanolli, além de meu marido (rs!), é comunicador e  profº de Sociologia, Filosofia e Antropologia na Unesc - Universidade do Extremo Sul Catarinense.

Um comentário:

Carol Uana disse...

Gostei muito das colocações, bem reais e profundas!! Bj, pai!! ;D